PARÁBOLA DA MULHER DE LOT seguida de Policlés e de um Apólogo de Pródico de Céos SILVA, Agostinho da
Edição de Autor, 1.ª ed., Vila Nova de Famalicão, 1944. In-8º de 89-(4) págs. Br. Capa de brochura com alguns picos de acidez.
"Porque o Paraíso, Loth... Olha, eu sei que todo o mundo um dia se há-de transformar em liberdade e ser mais sereno, mais transparante e mais puro do que este céu de crepúsculo que nos envolve; cada um de nós, quando nasce, recebe uma parte da injustiça do mundo, e a alma dos que morrem depois de se terem despojado do que lhes coube de tirania, de egoísmo e de brutalidade, vai contribuir para formar esse céu, como cada gota contribui para a extensão e a profundidade dos mares; essa é a vida eterna, essa é a delícia dos que se elegeram; para os outros tudo será como se não tivessem vivido e uma vez mais passarão sobre a terra, numa experiência da sua vontade e da sua coragem. Eis o que será o teu destino. Porque o meu será o outro. Duvidada às vezes de ter feito tudo o que devia fazer pela liberdade; sei que muito me deixei arrastar pelo que nos prende ao tempo, que o meu Amor não foi sempre bem amplo, aberto a todos, que a minha alma não foi sempre bem forte, inflexível ao vento do desânimo; ainda bem que hoje posso adquirir a certeza de que não foi inútil a minha passagem pelo mundo; não estarei ao lado deles, não me queimará o mesmo fogo: mas o teu Senhor, como todos os tiranos, teme quem o olha de frente, não gosta de que contemplem a sua obra... É o bem que começa a triunfar; esse avança às claras, não se esconde, não se refugia no segredo e na ignorância. Vou unir-me a todos os que já se bateram por ele; tantos, tão grandes e tão belos! Como poderia hesitar? Chegou o momento, Loth. Não, nem mais uma palavra. Continua. Eu volto."
Preço: 15,00 euros
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