terça-feira, 10 de março de 2020

Porquê «O Nome da Rosa»?

Porquê «O Nome da Rosa»?
de Umberto Eco
Porquê o Nome da Rosa" Difel 1991, 64 pp., br,
“Escrevi um romance porque me apeteceu. Acho que é uma razão suficiente para alguém se pôr a contar uma história. O homem é um animal fabulador por natureza.”
Interrogado sobre algumas questões interpretativas do livro, o autor prontamente responde sem deixar de perceber que o que fez, fê-lo com enorme sentido de responsabilidade. Quando indagado do uso de “diálogos cinematográficos”, não se coibe de explicar que ele mesmo reconstituiu esses ditos diálogos de acordo com uma medição exaustiva da planta da abadia, o que se pode verificar no próprio filme. E quando o confrontam com facto de a matança do porco ser em Novembro, mês ainda pouco frio para tal faina, ele, logicamente, alega que, daí é que se deve o facto de localizar a abadia em ponto tão alto (são mais as abadias em pontos baixos). Além de que, o sangue era muito precioso para o enredo, para assim seguir os “passos” do Apocalipse.
Sobre o título desta obra, Humberto Eco diz que “um título deve confundir as pessoas e não orientá-las” não querendo assim que o próprio título constituísse desde logo uma chave interpretativa. Acrescenta ainda que, a ideia do Nome da Rosa lhe ocorreu por acaso, o que lhe agradou imenso devido ao facto de a rosa ser um figura tão simbólica, tão cheia de significados ao ponto de já quase não ter mais nenhum.
Inicialmente intitulado como a A Abadia do Delito, mesmo assim, este romance não realizaria o sonho do autor que seria intitular a obra como Adso de Melk, um título muito neutro já que Adso era também o narrador: “Os títulos que mais respeitam o leitor são os que se reduzem ao nome do herói”.
- O que mais vos aterroriza na Pureza? – pergunta Adso.
E Guilherme de Baskerville responde:
- A pressa.
Com profundos conhecimentos da época medieval Humberto Eco utiliza isso com uma habilidade enorme, desde a utilização dos conceitos à simbologia da época, conseguindo assim, uma reconstituição histórica da vida daquele mosteiro do século XIV. “Não é verdade, mas podia ser”.
Julgo que, até ao momento, o Nome da Rosa é daqueles filmes que melhor corresponde ao livro não defraudando, em quase nada, a interpretação do "eu" leitor. E agora, a leitura deste pequeno título de Humberto Eco "Porquê o Nome da Rosa", veio a ajudar a melhor perceber algumas questões que poderiam ter ficado soltas ou até nem se levantaram.
Preço:10,00 €


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