OLIVEIRA, Fernando, Liuro da Fabrica das Naos (códice). Leitura de Lopes e Mendonça ; trad. Manuel Leitão. Lisboa: Academia de Marinha, 1991- 211 pp. + fac-símile, 215- 385
encadernação editorial
preço: 100,00 euros
original autógrafo, com anotações marginais da mesma letra. Trata-se do primeiro tratado português de arquitectura naval, composto cerca de 1580 e dedicado a D. Sebastião.
Obra pioneira e inovadora entre os tratados de construção naval que sobreviveram até aos nossos dias, adquire importância singular por contemplar quase todos os problemas teóricos e práticos relacionados com a arquitectura dos navios - forma e função da nau, necessidade de introduzir o elemento artístico no desenho das embarcações, tendo como modelo ideal a Natureza, diferenças entre os navios de guerra e os navios de comércio, requisitos de carácter técnico sobre a construção (materiais a utilizar e fases da construção, qualidades dos mestres de carpintaria), aparelhos de navegação, noções e cálculos sobre o transporte de guarnições e mercadoria, etc.
A clareza com que o autor utiliza os termos "técnicos", muitos dos quais colhidos da gíria dos homens do mar, e fixados por escrito pela primeira vez, assim como o rigor científico que os sustentam, explicam que muitas destas definições ainda hoje se utilizem, nos dicionários da especialidade, praticamente sem adaptações.
Navegador - foi piloto de galés, na década de 1540, ao serviço de Francisco I - e cartógrafo, Fernando de Oliveira comungou plenamente do espírito da Renascença. Revelou grande multiplicidade de interesses, dedicando-se profundamente ao estudo de matérias tão diversas como a filologia e a gramática portuguesa, a história de Portugal e a teoria da guerra naval. Em vida, veria somente impressas duas obras, a Grammatica da lingoagem portuguesa, de 1536, a primeira obra do género publicada no país, e a Arte da guerra do mar, de 1555. O autor desempenhou ainda algumas funções relevantes de carácter diplomático em Inglaterra.
Escrito em português, em letra humanística cursiva, inclui dez desenhos à pena, em sépia, representando as diversas partes constitutivas da nau.
Este manuscrito pertenceu à livraria do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça (Ordem de Cister) tendo sido incorporado nos Reservados da Biblioteca Nacional depois de 1834.
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